Me visitam

fevereiro 11, 2015

Já faz um tempo que eu sinto que não existo, faz um tempo que estou na sombra, antes eu era expectativas, hoje certeza do não. Já faz um tempo que entendi que querer não é exatamente poder, e que a oportunidade pode ser a mesma, mas tem coisas que nunca vão nos igualar.
Voce pensa em morte quando não se pensa vivo, voce quer outra vida, outra realidade, voce deseja dormir e acordar com todas as soluções prontas.
Um dia voce descobre que a luta que parecia justa, que te fazia suar sangue, que te fez passar noites em claro, que transformou tua vida em dor te retribuiu com uns papeis para carimbar. Voce se pega subindo andares, sentando em mesas, catalogando caixas, não toca uma vida  o teu caminho, voce está só, voce justifica o vazio com a fome que um dia passou, voce pensa nas crianças de Hiroshima, na palestina, na moça sentada no ponto de onibus com pes descalços, voce se convence que venceu.
Voce perdeu, muito mais do que seus sonhos, voce perdeu a humanidade que existia em voce, a capacidade de se rebelar, voce perdeu a vontade de ter amor e admiração por si mesma, voce acredita que precisa das coisa que comprar, que precisa de algo que mantenha essa possibilidade, voce morreu.

janeiro 20, 2015

As cartas de suicídio costumam ser diretas, dizem muito da raiva do outro direcionada ao ego, procuro meu outro, incansavelmente tento distribuir culpa aos outros, não encontro ninguém, machuco a mim mesma, com a sensação de essa é a única forma de matar a dor.
Eu sinto que fracassei, fracassei em desejar, fracassei em conquistar, as palavras grandiloquentes que tento usar nesse texto só demonstram a tentativa mais uma vez fracassada de reproduzir o  vazio e solidão em que me encontro, Entretanto, mesmo diante da certeza da impossibilidade de representar o que sinto acho importante um explicação, por mais histérico que pareça esse ato, ele é sem dúvida o grand finale necessário e as vezes salvador de uma vida sem sentido.
Será mesmo necessário encontrar explicação para todas as coisas?
Será mesmo necessário entender que as pessoas não tem na a ver com sua dor?
É possível viver depois de ter se esgotado todas as tentativas?
Quem roubou minhas ilusões?
Não tenho fé, não tenho amor, não posso salvar ninguém, trabalho numa linha de produção que não atinge uma alma sequer, não tenho mais certeza da minha humanidade.