Me visitam

outubro 31, 2013

É preciso esgotar a morte pra que eu consiga viver, eu não gosto de parecer tão triste, eu não quero que minha presença pese na vida das pessoas, não quero falar desse gosto amargo que sinto ao levantar, ninguém merece ser o muro das lamentações de alguém que tem como luta diária apenas a dificuldade de escolher a cor da roupa que ira vestir.
O sofrimento visto daqui é a coisa mais patética em mim, venci barreiras que não me sabia capaz, agora a única coisa que venço diariamente é vontade incessante de morrer sem dor. Existe um mundo de realizações que me esperam, existe uma uma boa causa pra se buscar, há quem precise mais do que um sentido pra vida, mas não me movo sem ter vontade.
A morte parece o caminho mais fácil, diante dela tudo se torna menor, o mundo hostil e confuso é uma breve passagem, os outros, caminhos sem roteiros que encontro na vida, se tornam nada, a dor de fazer parte de uma especie tão mesquinha se vai, a morte responde a tudo com alivio. 
Ainda que eu saiba que é preciso viver amanha, porque eu sei que acordo com a mesma cara, digo a todos o mesmo bom dia, sigo adiante para que o futuro me alcance com resposta a dor, ainda que eu saiba que entre o desejo e o ato existe coisas que não explico, que morrer não é bem o que quero, respondo com morte a todos os impulsos de vida que pareço ter.
A morte é minha fé, minha ultima cartada, meu refugio de dor, é finitude que diminui o que parece eterno, é a irônica derrota diante do acumulo de vitórias que preciso ter pra ter alguma identidade, é um saber superior que não permite que  me apegue, é o que deixo sempre pra outro dia, porque só pode existir outros dias porque ela existe, a vida se torna mais leve por causa da morte.




A morte pode dar ensejo a dois sentimentos opostos: ou fazer pensar que morrer é tornar-se o mais vulnerável dos seres, sem defesa contra o desconhecido; ou que é tornar-se invulnerável e afastado de todos os males possíveis. Em quase todos, esses dois sentimentos existem e alternam-se. Passa-se a vida temendo ou desejando a morte. 

outubro 20, 2013

Tudo aquilo em que ponho afeto

Sem paz, sem amor, sem teto,
caminho pela vida afora.
Tudo aquilo em que ponho afeto
fica mais rico e me devora.

Diante das diversas realidades encontradas nos últimos dias chego a pensar que encontrei respostas pra questões que me atormentaram por muito tempo. O amor é algo ruim, a esquiva que desenvolvi foi em decorrência do fato de saber qual é o meu limite diante da morte, o amor pra mim só pode ser dor.
Eu criei durante toda a minha vida barreiras de fantasia e ilusão que me fizeram só, mas me mantiveram viva, a minha luta foi sempre pela sobrevivência, o amor demanda muita energia, muita entrega e principalmente muita fé, não tenho forças para tanto.
Eu pergunto a mim mesma todos os dias o que me faz ser quem sou, se por um roteiro diferente minha vida seria outra, eu sofri durante muito tempo uma solidão que me estigmatizava, eu tentei me enquadrar, dar uma resposta pra isso não me faz livre da sensação de erro e falta de ajuste, mas deixa um tanto mais claro esse caminho sem mapa que faço em direção ao meu destino.

outubro 02, 2013

Um dor física que parece prever algo ruim, uma sensação de estar presa a esse corpo, aquele velho desencaixe agora é também interno. Meu corpo dói, não há mais prazer em nada, não tem luz na fim do túnel, só essa vontade de não fazer parte de mais nada, o que vejo em volta é um vazio, mas a dor física agora grita mais alto do que qualquer desilusão com o mundo.
A velha sensação de depressão pós-coito, o mundo gira mais lentamente, ninguém nota o desequilíbrio com que vagueio, tudo é apatia, tudo é insalubre, não quero nada e faço muita força pra alcançar meu objetivo. Não há o que querer, mas ficar pra trás é uma derrota, meu corpo dói, preciso dormir, mas não quero sonhar, o mundo dos meus sonhos é pior que  realidade, é la que me encontro comigo mesma, não é saudável o que vejo.
É muita lamentação pra um destino tão pequeno, é muito abismo pra pouco peso, tudo parece tão escuro e frio como sempre, a distancia é cada vez maior, já não vejo mais ninguém.




Não são os males violentos que nos marcam, mas os males surdos, insistentes, toleráveis - aqueles que fazem parte de nossa rotina e nos minam meticulosamente, como o tempo.